O útero dos mamíferos existe como conhecemos hoje graças a parasitas genéticos que invadiram nosso genoma há mais de 100 milhões de anos, mudando drasticamente a forma como os mamíferos se reproduzem, de acordo com um novo estudo.
As alterações moleculares permitiram que os mamíferos carregassem seus filhotes com mais segurança, tendo o desenvolvimento dentro do útero – ao invés de colocá-los em ninhos ou em bolsas.
A equipe que estudou a história evolutiva da gravidez analisou células encontradas no útero associadas com o desenvolvimento da placenta, e as comparou com a composição genética das células de gambás – marsupiais que dão à luz duas semanas após a concepção – com a de tatus e seres humanos, mamíferos que são parentes distantes com alto desenvolvimento de placenta (que nutre os fetos durante os nove meses de desenvolvimento).
Os pesquisadores encontraram mais de 1,5 mil genes que foram expressos apenas no útero dos mamíferos placentários.
Curiosamente, a expressão desses genes no útero é coordenada por elementos de transposição – peças essencialmente egoístas de material genético que se replicam sem o genoma do hospedeiro, que costumam ser chamadas de “DNA lixo”.
Elementos de transposição crescem com parasitas que invadem o corpo, se multiplicando e ocupando espaço no genoma. Mas eles também podem ativar ou reprimir genes relacionados com a gravidez.
Eles funcionam como unidades de regulamentação que se instalam em um genoma hospedeiro, que depois o recicla fazendo com que ele desempenhe funções inteiramente novas, facilitando a comunicação materno-fetal.
Nas últimas duas décadas, tem havido uma série de mudanças dramáticas em nossa compreensão sobre como a evolução funciona. Normalmente acredita-se que as mudanças só ocorrem com pequenas mutações em nosso DNA que se acumulam ao longo do tempo. Mas, no caso do útero, é possível que uma operação genética enorme tenha alterado amplas áreas do genoma criando grandes mudanças morfológicas.
Fonte: http://hypescience.com
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