Os indícios da utilização da folha de coca (matéria-prima da cocaína),
data de mais de três mil anos. As folhas eram mascadas por povos que habitavam
a região da América do Sul. Esses povos também utilizavam o sumo das folhas
para aliviar dores, aplicando em partes do corpo.
Os Incas e outros povos dos Andes usaram-na certamente, permitindo-lhes
trabalhar a altas altitudes, onde a rarefação do ar e o frio tornam o trabalho
árduo especialmente difícil. A sua ação anorexiante (supressora da fome) lhes
permitia transportar apenas um mínimo de comida durante alguns dias.
O químico Albert Niemann, em 1862, produziu a partir da folha de coca, em laboratório, um pó branco, dando-lhe o nome de cloridrato de cocaína. O produto era usado na síntese de remédios como pastilhas, expectorantes entre outros, no fim do século XIX.
O químico Angelo Mariani
desenvolveu, em 1863 o vinho Mariani, uma infusão alcoólica de folhas de coca
(mais poderosa devido ao poder extrativo do etanol que as infusões de água ou
chás usadas antes). O vinho Mariani era muito apreciado pelo Papa Leão XIII,
que inclusivamente premiou Mariani com uma medalha honorífica.
O médico, Sigmund Freud, criador da psicanálise, ficou entusiasmado com os efeitos psicotrópicos que a coca proporcionava, então, utilizou
No ano de 1885 a companhia americana
Park Davis vendia livremente cocaína em cigarros, pó ou liquido injetável sob o
lema de "substituir a comida.
Essa substância era tão famosa e considerada uma “maravilha” que, Sherlock Holmes (personagem de Arthur Conan Doyle) chega a injetar "cucaine" nas veias numa das histórias! Em 1909 Ernest Shackleton leva cocaína para a sua viagem à Antártica, assim como o Capitão Robert Scott.
A cocaína foi livremente comercializada
como remédio no início do século XX. Mais, por causa do excesso na utilização,
começou a ocorrer mortes, sendo assim, proibida por todo o mundo.
Foi na década de 80 que essa droga se difundiu por todo o mundo. Cerca
de 14 milhões de pessoas utilizavam em meados da década de 90, sendo consumido
cerca de 500 toneladas por ano.
O que é Cocaína?
A cocaína é uma substância que estimula fortemente o sistema nervoso central e é extraída de uma planta chamada Erytroxylon coca ou simplesmente, coca.
Como é usada a cocaína?
A cocaína em pó (ou "farinha") é, em geral, utilizada por aspiração nasal, ou ainda por via intravenosa, quando dissolvida na água. Não é muito comum, mas também pode ser usada oralmente. É possível, também, fumar, mas não na forma de pó e sim de pedra, o crack.
Princípio ativo
A cocaína é uma droga
sintetizada em laboratório e sua matéria prima é a folha de um arbusto
denominado Erytroxylon coca. A
fórmula química da cocaína é 2-beta-carbometoxi-3betabenzoxitropano e essa
substância age na comunicação entre os neurônios prolongando a ação de outra
substância, chamada dopamina.
Mecanismo
de acção
A cocaína é um inibidor
específico das proteínas transportadoras da dopamina e em grau menor da noradrenalina,
existentes nos neurônios. A dopamina e a noradrenalina são neurotransmissores
cerebrais que são secretados para a sinapse, de onde são recolhidos outra vez
para dentro dos neurônios por esses transportadores inibidos pela cocaína. Logo
o seu consumo aumenta a concentração e duração desses neurotransmissores. Os
efeitos são similares aos das anfetaminas, só que mais intensos e menos
prolongados.
Ação
no cérebro
Tanto o crack como a
merla também são cocaína, portanto todos os efeitos provocados pela cocaína
também ocorrem com o crack e a merla.
Assim que o crack e a
merla são fumados alcançam o pulmão, que é um órgão intensivamente
vascularizado e com grande superfície, levando a uma absorção instantânea.
Através do pulmão, cai quase imediatamente na circulação cerebral chegando
rapidamente ao cérebro. Com isto, pela via pulmonar o crack e a merla "encurtam"
o caminho para chegar no cérebro, aparecendo os efeitos da cocaína muito mais
rápido do que outras vias. Em 10
a 15 segundos os primeiros efeitos já ocorrem, enquanto
que os efeitos após cheirar o "pó" acontecem após 10 a 15 minutos e após a injeção,
em 3 a 5
minutos. Essa característica faz do crack uma droga "poderosa" do
ponto de vista do usuário, já que o prazer acontece quase que instantaneamente
após uma "pipada".
Porém a duração dos
efeitos do crack é muito rápida. Em média duram em torno de 5 minutos, enquanto
que após injetar ou cheirar, em torno de 20 e 45 minutos, respectivamente. Essa
pouca duração dos efeitos faz com que o usuário volte a utilizar a droga com
mais freqüência que as outras vias (praticamente de 5 em 5 minutos) levando-o à
dependência muito mais rapidamente que os usuários da cocaína por outras vias
(nasal, endovenosa).
Efeitos a longo prazo
- Perda de memória.
- Perda da capacidade analítica.
- Perda da capacidade analítica.
- Perda da capacidade de concentração
mental.
- Perda de peso até níveis de desnutrição
- Perda de peso até níveis de desnutrição
- Falta de ar permanente, trauma pulmonar,
dores torácicas.
- Síncopes (desmaios)
- Destruição total do septo nasal (se
inalada).
- Cefaleias (dores de
cabeça)
- Distúrbios dos nervos periféricos
("sensação do corpo ser percorrido por insetos")
- Silicose, pois é comum
o traficante adicionar talco industrial para aumentar seus lucros, fato
verificado em necropsia, exame de hemogramas.
- A foto ao lado mostra lesão causada por cocaína.
- A foto ao lado mostra lesão causada por cocaína.
Efeitos tóxicos agudos
Estes efeitos podem ocorrer ou não após uma única dose baixa, mas são
mais prováveis com o uso continuado e em doses altas:
- Arritmias cardíacas:
complicação possivelmente fatal.
- Trombose coronária com enfarte do miocárdio (provoca 25% dos enfartes totais em jovens de 18-45
anos)
- Trombose cerebral com AVC.
- Outras hemorragias cerebrais devidas à vasoconstrição simpática.
- Necrose (morte
celular) cerebral
- Insuficiência renal
- Insuficiência cardíaca
- Hipertermia com coagulação disseminada potencialmente fatal.
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