segunda-feira, 14 de maio de 2012

Cocaína...

          Parte do Histórico da Cocaína
   Os indícios da utilização da folha de coca (matéria-prima da cocaína), data de mais de três mil anos. As folhas eram mascadas por povos que habitavam a região da América do Sul. Esses povos também utilizavam o sumo das folhas para aliviar dores, aplicando em partes do corpo.
   Os Incas e outros povos dos Andes usaram-na certamente, permitindo-lhes trabalhar a altas altitudes, onde a rarefação do ar e o frio tornam o trabalho árduo especialmente difícil. A sua ação anorexiante (supressora da fome) lhes permitia transportar apenas um mínimo de comida durante alguns dias.

   O químico Albert Niemann, em 1862, produziu a partir da folha de coca, em laboratório, um pó branco, dando-lhe o nome de cloridrato de cocaína. O produto era usado na síntese de remédios como pastilhas, expectorantes entre outros, no fim do século XIX.
   O químico Angelo Mariani desenvolveu, em 1863 o vinho Mariani, uma infusão alcoólica de folhas de coca (mais poderosa devido ao poder extrativo do etanol que as infusões de água ou chás usadas antes). O vinho Mariani era muito apreciado pelo Papa Leão XIII, que inclusivamente premiou Mariani com uma medalha honorífica.

   O médico, Sigmund Freud, criador da psicanálise, ficou entusiasmado com os efeitos psicotrópicos que a coca proporcionava, então, utilizou em pacientes. Chegou a publicar um livro Über Coca sobre as suas experiências. Muitos de seus amigos ficaram dependentes, desanimando assim, a utilização pelo médico. Ele forneceu a substância ao oftalmologista Carl Köller, que a usou pela primeira vez em 1884, como anestésico local, aplicando gotas com cocaína nos olhos de pacientes antes de serem operados.
    No ano de 1885 a companhia americana Park Davis vendia livremente cocaína em cigarros, pó ou liquido injetável sob o lema de "substituir a comida.

   Essa substância era tão famosa e considerada uma “maravilha” que, Sherlock Holmes (personagem de Arthur Conan Doyle) chega a injetar "cucaine" nas veias numa das histórias! Em 1909 Ernest Shackleton leva cocaína para a sua viagem à Antártica, assim como o Capitão Robert Scott.
     A cocaína foi livremente comercializada como remédio no início do século XX. Mais, por causa do excesso na utilização, começou a ocorrer mortes, sendo assim, proibida por todo o mundo.
   Foi na década de 80 que essa droga se difundiu por todo o mundo. Cerca de 14 milhões de pessoas utilizavam em meados da década de 90, sendo consumido cerca de 500 toneladas por ano.


          O que é Cocaína?
   A cocaína é uma substância que estimula fortemente o sistema nervoso central e é extraída  de uma planta chamada Erytroxylon coca ou simplesmente, coca.
          Como é usada a cocaína?
    A cocaína em pó (ou "farinha") é, em geral, utilizada por aspiração nasal, ou ainda por via intravenosa, quando dissolvida na água. Não é muito comum, mas também pode ser usada oralmente. É possível, também, fumar, mas não na forma de pó e sim de pedra, o crack. 

          Princípio ativo
   A cocaína é uma droga sintetizada em laboratório e sua matéria prima é a folha de um arbusto denominado Erytroxylon coca. A fórmula química da cocaína é 2-beta-carbometoxi-3betabenzoxitropano e essa substância age na comunicação entre os neurônios prolongando a ação de outra substância, chamada dopamina.

          Mecanismo de acção
   A cocaína é um inibidor específico das proteínas transportadoras da dopamina e em grau menor da noradrenalina, existentes nos neurônios. A dopamina e a noradrenalina são neurotransmissores cerebrais que são secretados para a sinapse, de onde são recolhidos outra vez para dentro dos neurônios por esses transportadores inibidos pela cocaína. Logo o seu consumo aumenta a concentração e duração desses neurotransmissores. Os efeitos são similares aos das anfetaminas, só que mais intensos e menos prolongados.

          Ação no cérebro
   Tanto o crack como a merla também são cocaína, portanto todos os efeitos provocados pela cocaína também ocorrem com o crack e a merla.
   Assim que o crack e a merla são fumados alcançam o pulmão, que é um órgão intensivamente vascularizado e com grande superfície, levando a uma absorção instantânea. Através do pulmão, cai quase imediatamente na circulação cerebral chegando rapidamente ao cérebro. Com isto, pela via pulmonar o crack e a merla "encurtam" o caminho para chegar no cérebro, aparecendo os efeitos da cocaína muito mais rápido do que outras vias. Em 10 a 15 segundos os primeiros efeitos já ocorrem, enquanto que os efeitos após cheirar o "pó" acontecem após 10 a 15 minutos e após a injeção, em 3 a 5 minutos. Essa característica faz do crack uma droga "poderosa" do ponto de vista do usuário, já que o prazer acontece quase que instantaneamente após uma "pipada".
   Porém a duração dos efeitos do crack é muito rápida. Em média duram em torno de 5 minutos, enquanto que após injetar ou cheirar, em torno de 20 e 45 minutos, respectivamente. Essa pouca duração dos efeitos faz com que o usuário volte a utilizar a droga com mais freqüência que as outras vias (praticamente de 5 em 5 minutos) levando-o à dependência muito mais rapidamente que os usuários da cocaína por outras vias (nasal, endovenosa).

          Efeitos a longo prazo
- Perda de memória.
- Perda da capacidade analítica.
- Perda da capacidade de concentração mental.
- Perda de peso até níveis de desnutrição
- Falta de ar permanente, trauma pulmonar, dores torácicas.    
- Síncopes (desmaios)
- Destruição total do septo nasal (se inalada).                           
- Cefaleias (dores de cabeça)
- Distúrbios dos nervos periféricos ("sensação do corpo ser percorrido por insetos")
- Silicose, pois é comum o traficante adicionar talco industrial para aumentar seus lucros, fato verificado em necropsia, exame de hemogramas.
- A foto ao lado mostra lesão causada por cocaína.

          Efeitos tóxicos agudos
   Estes efeitos podem ocorrer ou não após uma única dose baixa, mas são mais prováveis com o uso continuado e em doses altas:
- Arritmias cardíacas: complicação possivelmente fatal.
- Trombose coronária com enfarte do miocárdio (provoca 25% dos enfartes totais em jovens de 18-45 anos)
- Trombose cerebral com AVC.
- Outras hemorragias cerebrais devidas à vasoconstrição simpática.
- Necrose (morte celular) cerebral
- Insuficiência renal
- Insuficiência cardíaca
- Hipertermia com coagulação disseminada potencialmente fatal.


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